A contenção salarial em Moçambique é fundamental para mais investimento público – FMI

“A reforma salarial é importante porque os recursos públicos são escassos e quando são excessivamente absorvidos pelos salários não ficam disponíveis para sectores como a educação e as infra-estruturas”, afirmou.
Falando em Maputo durante um seminário com deputados da Comissão de Planeamento e Orçamento da Assembleia da República, o responsável explicou que o que é importante para o crescimento económico é o investimento, enquanto a folha de pagamento são as despesas correntes, sustentando que “Moçambique sofreu um choque fiscal muito grande em 2023, devido a uma espiral na massa salarial do estado, mas conseguiu conter esta subida”.
“Tenho muitos amigos que são funcionários públicos e desejo a todos um salário muito alto, mas estou aqui como economista. O custo dos salários não deve ocupar um montante equivalente a 80 por cento da riqueza nacional, porque não haverá espaço para investimento produtivo na economia e nas áreas sociais básicas”, sublinhou.
Mayer-Cirkel defendeu que a reforma salarial deveria ser continuamente monitorizada e avaliada para que as pessoas fossem remuneradas de acordo com a sua formação profissional.
O economista considerou satisfatórios os progressos de Moçambique no âmbito do programa acordado com o FMI, nomeadamente a aprovação da Lei do Fundo Soberano, a submissão ao parlamento da revisão da Lei da Probidade Pública e os progressos que o país tem feito no reforço do quadro regulatório e institucional quadro contra o branqueamento de capitais e o terrorismo, além da já aprovada Tabela Salarial Única (TSU).
“A implementação da TSU custou 28,5 mil milhões de meticais a mais do que o previsto. O custo inicial esperado da reforma da massa salarial durante o período 2022-23 era de 19,2 mil milhões de meticais, equivalente a 1,4 por cento do PIB”, lembrou.
A TSU foi aprovada em 2022 com o objetivo de eliminar assimetrias e manter a massa salarial estadual sob controle no médio prazo. No entanto, a sua criação fez com que os salários disparassem 36 por cento, passando de uma despesa de 11,6 mil milhões de meticais/mês para 15,8 mil milhões de meticais/mês.
Fonte: Mais África
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