AO MINUTO: UE apoia Guterres; Rafah atacada após ser declarada segura
- 7 de dezembro, 2023
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Apesar dos vários alertas de governos e organizações internacionais, a operação militar israelita continua a ocupar e a dizimar a Faixa de Gaza, e a situação humanitária tornou-se tão difícil para os palestinianos que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, invocou o artigo 99 da Carta das Nações Unidas para que o Conselho de Segurança discuta a morte de milhares de pessoas na região.
A missão diplomática israelita não gostou da decisão e, no mais recente ataque contra Guterres e contra diplomatas que peçam o fim da morte indiscriminada de civis, acusou o português de "preconceito" contra Israel - apesar do secretário-geral da ONU ter sistematicamente condenado o Hamas, não deixando de apontar para os anos de ocupação e opressão sobre os palestinianos. A decisão de Guterres foi apoiada pela União Europeia.
Enquanto a ONU tenta discutir um cessar-fogo, com as reclamações de Telavive no fundo, a população de Gaza continua a ser morta às centenas por dia. O exército israelita está já no centro de Khan Younis - a maior cidade do sul do enclave e para onde Israel ordenou que os civis se abrigassem, bombardeando a cidade logo a seguir - e está a lutar porta a porta com o Hamas. Surgiram relatos discordantes sobre uma suposta operação para deter Yahya Sinwar, o líder do Hamas em Gaza, mas esta manhã, o governo israelita garantiu que estava mais próximo de encontrar o militante.
A ofensiva militar de Israel assenta numa doutrina já aplicada em 2008 na Faixa de Gaza, com origem na guerra do Líbano, denunciada pela ONG israelita "Breaking the Silence" e descrita à Lusa pelo especialista militar Agostinho Costa.
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A ofensiva militar de Israel assenta numa doutrina já aplicada em 2008 na Faixa de Gaza, com origem na guerra do Líbano, denunciada pela ONG israelita "Breaking the Silence" e descrita à Lusa pelo especialista militar Agostinho Costa.
A UNRWA, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, reafirmou esta quinta-feira que o retomar das operações militares israelita tornaram a situação na Faixa de Gaza "desesperante".
"As condições necessárias para entregar ajuda NÃO EXISTEM". Os abrigos da UNRWA estão SOBRELOTADOS. Não existe ajuda SUFICIENTE para ir de encontro às necessidades avassaladoras. As operações da UNRWA estão a ser asfixiadas", avisou a organização.
Heavy bombardment & resumption of military operation have made the situation in #Gaza desperate.
Conditions required to deliver aid DO NOT exist.@UNRWA shelters are OVERFLOWING.
There is NOT ENOUGH aid to meet the overwhelming needs. @UNRWA operations are being strangled. pic.twitter.com/811ch3KSSx
Yair Lapid, o líder da oposição israelita, criticou esta quinta-feira a organização de uma marcha da extrema-direita em Jerusalém, marcada para hoje, considerando-a uma "violenta provocação" que pode trazer mais riscos à população israelita.
Através do Twitter (agora X), Lapid afirmou que "a marcha desta noite é uma tentativa kahanista escandalosa de incendiar mais locais e causar mais destruição e morte", fazendo referência ao grupo Kahane Chai. O grupo chegou a ser considerado como terrorista pelos EUA e tem pedido por um "controlo judaico completo" do complexo de Al-Aqsa, um dos locais mais sagrados do Islão, situado na cidade velha de Jerusalém.
הצעדה בירושלים הערב היא נסיון כהניסטי בוטה להצית אש בזירות נוספות ולגרום לעוד הרס ומוות. כראש ממשלה אישרתי צעדות בירושלים, אבל לא פרובוקציות אלימות. אם היה באמת קבינט בישראל, הוא לא היה מרשה את זה.
Apesar de ser um dos principais críticos de Benjamin Netanyahu e do governo ultranacionalista israelita, Yair Lapid não se tem oposto às operações militares na Faixa de Gaza. Aliás, Lapid até considerou que o cessar-fogo que terminou na semana passada foi "um duro golpe" para Israel e pediu uma maior intervenção militar.
Mais de uma centena de pessoas morreu durante a madrugada na sequência de ataques israelitas contra edifícios residenciais do bairro de Jabalia, norte de Gaza, indica o último relatório da ONU.
"O bombardeamento foi intenso" contra vários edifícios residenciais em Jabalia, mas também no campo de Al Nuseirat e na cidade de Deir al-Balah, onde se registou o maior número de vítimas do dia, segundo o relatório diário do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU sobre a situação na Faixa de Gaza.
Mais de uma centena de pessoas morreu durante a madrugada na sequência de ataques israelitas contra edifícios residenciais do bairro de Jabalia, norte de Gaza, indica o último relatório da ONU.
Uma investigação da agência de notícias francesa France-Presse (AFP) e de uma organização não-governamental concluiu na quarta-feira que o fogo de artilharia que atingiu um grupo de jornalistas no sul do Líbano, a 13 de outubro, foi "deliberado e direcionado" contra a imprensa a cobrir a situação.
O ataque matou um jornalista da Reuters, Issam Abdallah, de 37 anos, que morreu "instantaneamente", segundo aponta o estudo da AFP e da organização Airwars, que investiga ataques contra civis em conflitos e guerras. Ficaram também feridos no incidente dois jornalistas da Reuters, dois da Al Jazeera e dois da AFP. Uma das jornalistas da AFP, a fotojornalista Christina Assi, de 28 anos, teve de ter a sua perna amputada e continua hospitalizada.
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An AFP investigation into the strike in southern Lebanon that killed a Reuters journalist and injured six others, including two from AFP, points to a tank round used only by the Israeli army in this border region
Read our full report ➡️ https://t.co/PyXgfdlvzV pic.twitter.com/JVEzkta1R2
A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu hoje a abertura aos jornalistas do posto fronteiriço de Rafah, na Faixa de Gaza.
Este ponto de passagem entre Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e o Egito é controlado por palestinianos e egípcios. No entanto, como salientou a RSF no comunicado, "Israel controla todas as atividades na fronteira sul e bombardeou quatro vezes esta entrada fronteiriça no início da guerra".
O exército israelita atacou nas últimas horas dezenas de alvos das milícias palestinianas na cidade de Khan Younis, na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que prossegue operações noutras zonas, como o campo de refugiados de Jabalia.
O exército israelita atacou nas últimas horas dezenas de alvos das milícias palestinianas na cidade de Khan Younis, na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que prossegue operações noutras zonas, como o campo de refugiados de Jabalia.
Após o recente cessar-fogo, Israel voltou a atacar em força o enclave e alargou a sua ofensiva ao sul, onde já se encontram centenas de milhares de deslocados internos do norte e da cidade de Gaza. Estas duas zonas estão quase totalmente ocupadas pelo exército, que iniciou a ofensiva terrestre a 27 de outubro.
Os deslocados internos em Gaza são atualmente quase 1,9 milhões de pessoas, cerca de 80% da população total, de 2,3 milhões. Muitas das pessoas foram deslocadas nos últimos dias para Rafah, a cidade mais a sul do enclave.
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) deu conta de um dado sombrio esta manhã, apontando que no hospital de al-Aqsa, um dos principais centros médicos na Faixa de Gaza e um dos locais mais atacados por Israel, está a receber mais mortos que feridos.
"Ontem, pela primeira vez, o número de pessoas mortas a chegar ao hospital apoiado pela MSF ultrapassou o número de feridos. 115 pessoas mortas em 24 horas. O hospital está cheio, a morgue está cheia", lamentou a organização.
#Gaza: For the first time yesterday, the number of people killed arriving to the MSF-supported Al-Aqsa hospital surpassed the number of injured people.
115 people killed in 24 hours.
The hospital is full, the morgue is full...
Segundo uma organização de defesa de presos políticos palestinianos, citada pela Al Jazeera, os resultados iniciais sobre esta madrugada apontam para pelo menos 21 palestinianos detidos ao longo da noite, em rusgas e operações policiais pela Cisjordânia ocupada.
As detenções ocorreram sobretudo em cidades onde a resistência palestiniana tem sido mais forte e, portanto, mais oprimida pela polícia israelita e por colonos ilegais, nomeadamente em Hebron, Ramallah, Nablus, Bethlehem e Tulkarem.
O Crescente Vermelho palestiniano, uma filiada da Cruz Vermelha Internacional, contou no final de quarta-feira que chegaram a Rafah 80 camiões com ajuda humanitária para a organização, com comida, água, equipamento médico e medicamentos.
The Palestine Red Crescent teams received 80 aid trucks through the Rafah crossing today. The trucks contain food, water, relief assistance, medical supplies, and medicines.#Gaza#HumantarianAid pic.twitter.com/TxkjZFQTNv
Os bombardeamentos israelitas prosseguiram durante toda a madrugada, à semelhança do que tem acontecido todas as noites desde o final do cessar-fogo. A Al Jazeera avançou esta manhã que, apesar das ordens do exército de Israel para que a população do norte e de Khan Younis fugisse para Rafah, a cidade de Rafah foi também ela bombardeada.
Segundo o jornalista Hani Mahmoud, as forças israelitas "ordenaram num tom ameaçador para que se deslocassem para Rafah porque era seguro, mas desde ontem à noite que pelo menos cinco casas residenciais foram destruídas", com várias mortes registadas.
Mahmoud acrescentou que os ataques "não estão concentrados em apenas uma área de Rafah, várias localizações foram alvejadas, enviando ondas de medo e preocupação que confirmam o que as pessoas diziam e sentiam antes: não há literalmente um espaço seguro em Gaza, incluindo as áreas designadas por Israel como seguras".
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, manifestou-se a favor da decisão de António Guterres de invocar o artigo 99 da Carta das Nações Unidas, para discutir a "magnitude da perda de vidas humanas em Gaza e em Israel, num espaço de tempo tão curto".
Através da rede social Twitter (agora X), Borrell pediu que os Estados-membros da União Europeia no Conselho de Segurança da ONU "apoiem o apelo do secretário-geral, António Guterres", considerando que o órgão máximo da ONU "deve agir imediatamente para prevenir o colapso total da situação humanitária em Gaza". "Peço que Israel ajude todas as agências da ONU, incluindo a sua coordenadora humanitária, Lynn Hastings, a fornecer apoio urgente aos civis de Gaza", reiterou.
I ask the EU members of the UN Security Council and like-minded partners to support @UN Secretary General @AntonioGuterres’s call.
The #UNSC must act immediately to prevent a full collapse of the humanitarian situation in Gaza.
Pela primeira vez desde que se tornou secretário-geral da ONU, em 2017, António Guterres invocou o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas que afirma que o secretário-geral "pode chamar a atenção do Conselho para qualquer assunto que, na sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e segurança no mundo".
Numa missiva dirigida ao Conselho de Segurança da ONU, presidido este mês pelo Equador, Guterres alertou que as condições atuais na Faixa de Gaza tornam impossível a realização de operações humanitárias significativas. "Simplesmente não conseguimos chegar aos necessitados dentro de Gaza. A capacidade das Nações Unidas e dos seus parceiros humanitários foi dizimada pela escassez de abastecimento, pela falta de combustível, pela interrupção das comunicações e pela crescente insegurança", indicou o líder da ONU na carta.
Bom dia. Iniciamos esta manhã uma nova cobertura AO MINUTO sobre os principais acontecimentos em Israel e na Palestina, em particular na Faixa de Gaza. Pode recordar todas as notícias de ontem aqui:
Siga aqui AO MINUTO todos os desenvolvimentos no conflito armado entre Israel e o Hamas, em particular na Faixa de Gaza.
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Fonte: Noticias Ao Minuto
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