Guerra entre Hamas e Israel volta a inflamar o Médio Oriente e o mundo

O ataque sem precedentes do Hamas contra Israel e a devastadora retaliação israelita na Faixa de Gaza reacenderam a guerra no Médio Oriente, com milhares de mortes civis já registados e uma frágil trégua negociada entretanto quebrada.

Às primeiras horas de 7 de Outubro, três mil combatentes do Hamas infiltram-se no sul de Israel, atacando em simultâneo o território israelita com milhares de 'rockets' e 'drones' (aparelhos não tripulados).

Quase sem resistência, os homens do Hamas massacraram comunidades ('kibutz') localizadas perto do pequeno enclave de Gaza e irromperam pelo recinto de um festival de música, transmitindo 'online' o seu desfile de violência e crueldade, que deixou, segundo as autoridades israelitas, 1.200 mortos e mais de 240 reféns levados para a Faixa de Gaza.

Os israelitas despertaram naquele sábado de Shabat ("Sábado de paz", é o dia sagrado para os judeus) em choque e incrédulos com o maior ataque de sempre no seu solo e com o clamoroso falhanço das forças de segurança e do já débil Governo radical de Benjamin Netanyahu, que no mesmo dia lançou a operação "Espada de Ferro" com três objectivos: garantir a segurança de Israel, recuperar os reféns e exterminar o Hamas.

A intensidade dos raides aéreos israelitas, a que seguiu uma invasão terrestre, confirmou a superioridade militar de Israel, mas evidenciou em simultâneo uma campanha demolidora e sangrenta sem poupar escolas e hospitais lotados com doentes e deslocados, que Telavive argumentava que serviam de escudos humanos.

No terreno, palestinianos desesperados denunciavam um território sitiado e em privação de comida, água, medicamentos, comunicações e combustível, um quadro também testemunhado por organizações humanitárias e pelas próprias Nações Unidas.

"Gaza é um cemitério de crianças", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, cuja imparcialidade é questionada por Telavive, que já exigiu a demissão do líder da organização multilateral.

Até ao início de Dezembro, as autoridades locais contabilizavam mais de 17 mil mortos, 70% dos quais mulheres e menores, sete mil desaparecidos e cerca de 1,9 milhões de deslocados, tendo as vítimas civis ultrapassado só em dois meses o número estimado em quase dois anos de guerra na Ucrânia, entretanto colocada em segundo plano.

A brutalidade do conflito ultrapassou fronteiras em manifestações de sinal contrário em todo o mundo e frequentemente acompanhadas de expressões anti-semitas ou islamofóbicas, a par das movimentações diplomáticas das principais potências, a começar pelos Estados Unidos, maior aliado de Telavive, e dos atores regionais no mundo árabe, Turquia e Irão e ainda as milícias do chamada "Eixo da Resistência", incluindo o grupo xiita libanês Hezbollah e os iemenitas Huthis, que visam regularmente Israel com os seus 'drones' e mísseis.

A pressão internacional conduziu a uma trégua entre Israel e Hamas de quatro dias renováveis até dez, com início em 24 de Novembro, mas que durou apenas uma semana. Nesse período, o acordo, mediado por Qatar, Egipto e Estados Unidos, permitiu a libertação de 105 reféns israelitas e estrangeiros em troca de 240 prisioneiros palestinianos, todas mulheres e menores, e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

No primeiro dia de Dezembro, o panorama voltou à casa de partida, com as forças israelitas a alargarem a sua ofensiva para a zona sul de um território "à beira do colapso", segundo a Organização Mundial da Saúde, com os números de vítimas sempre a subir e que levaram Guterres a invocar o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas (pela primeira vez desde que assumiu a liderança da organização em 2017), o instrumento diplomático mais poderoso à disposição de um secretário-geral da ONU.

Este artigo, que consiste numa chamada de atenção ao Conselho de Segurança, foi usado apenas três vezes (1960, 1979 e 1989) em toda a história da ONU.

Com 2023 a chegar ao fim, o conflito traz incógnitas sobre o seu desfecho e o destino dos 138 reféns ainda em cativeiro, o futuro da Faixa de Gaza, do Hamas e do próprio Netanyahu, além da questão de fundo sobre o estatuto da Palestina. (RM-NM)

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