Mais de 100 famílias exigem do Município de Maputo pagamento de renda em atraso
Famílias vítimas do deslizamento da lixeira de Hulene em 2018 voltam a amotinar-se defronte do edifício do Município de Maputo para exigir o pagamento de seis meses de renda em atraso, bem como a atribuição de casas já concluídas.
Quando houve deslizamento da lixeira de Hulene em 2018, foram afectadas 265 famílias, que tiveram de ser transferidas das redondezas da lixeira, dado o risco de episódios semelhantes, até porque, aquando do incidente, houve mortes. São 17 vítimas mortais, de acordo com dados oficiais.
As famílias passaram a viver em casas de renda, enquanto se erguiam novas residências em Possulane, distrito de Marracuene, Província de Maputo. Algumas das vítimas já foram acomodadas nas novas casas, mas ficaram 109 famílias, que estiveram, esta terça-feira, no Município de Maputo para dizerem que estão a ser despejadas das casas que arrendam, devido ao atraso no pagamento.
“Que nos dêem aquele dinheiro que estão a dever-nos para irmos pagar as rendas e também que nos dêem as nossas casas. Nós viremos mais aqui. Nós não somos malucos, por isso nós queremos o nosso direito. Estamos a exigir o nosso direito. O prometido é devido”, contou Cristalina Langa.
Para o pagamento da renda da casa, cada família recebe 10 mil Meticais, canalizados por via do Conselho Municipal. O valor não está a ser canalizado e a dívida da renda cresceu para 6 540 000 Meticais. Emílio Manjate diz que vive em casa arrendada com oito membros da sua família, o que tem dificultado a gestão da situação. Aliás, revelou ao O País que foi despejado.
“Não está nada fácil. Anteontem, fui expulso. Fui pedir emprestado dinheiro e nada consegui. Assim, os meus pertences estão na casa do vizinho. É essa a razão que me levou a vir aqui.”
O problema que opõe as vítimas de deslizamento de lixo em Hulene não é novo. A novidade é que Razaque Manhique, edil de Maputo, se viu obrigado a interromper uma reunião na edilidade para receber as famílias contestatárias. Manhique garante que o dinheiro já existe e será transferido para as famílias dentro de dias. Assume, também, que há novas 65 casas já concluídas, isto depois de interacção e recolha de subsídios junto da vereadora Alice de Abreu.
“Há estas casas que estavam em fase de finalização. É preciso que elas sejam fiscalizadas, porque não basta corrermos para entregar as casas sem que haja fiscalização prévia. Se há dinheiro e o dinheiro está destinado a isto, deve ser entregue o mais depressa possível aos visados para que estes possam, também, suprir a necessidade de pagar ao senhorio.”
Depois desta reunião, os homens e mulheres que estavam furiosos já eram pessoas com os ânimos controlados. António Massingue, que lidera a comissão de moradores assolados pelo problema, corporizou esse sentimento.
“Foi um daqueles encontros produtivos do ponto de vista teórico, porque não tivemos este encontro nos últimos cinco anos com o antigo edil. Então, essa empatia da parte do presidente, essa preocupação, esse à-vontade em conversar connosco deixou-nos com o estômago cheio, mesmo com fome.”
Refira-se que o dinheiro de renda é proveniente do Governo central, através do Ministério da Terra Ambiente, que depois é canalizado às contas do Município para chegar a estas famílias.
Fonte: O País
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