Ministra da Educação manda encerrar única escola secundária na Ponta de Ouro

Carmelita Namashulua, ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, mandou encerrar a única escola secundária existente na localidade da Ponta De Ouro, Província de Maputo, por alegada falta de condições. A situação está a causar revolta e indignação na comunidade local.

Foi através de uma nota emitida pela Direcção Provincial de Educação de Maputo, a 18 de Janeiro, que foi comunicada a decisão tomada pela ministra da Educação e Desenvolvimento Humano. “Urgente: A escola não tem condições, deve ser encerrada” , lê-se no documento.

Issufo Mulungo é um dos 800 alunos da  Escola Comunitária Graça Machel. Foi matriculado para frequentar a oitava classe no presente ano lectivo, mas, inesperadamente, foi mandado levantar o seu processo individual porque já não vai estudar naquela escola.

“Vim em busca do meu processo, a minha mãe mandou-me para vir buscar o processo, porque estão para fechar a escola e não sei porquê querem encerrar a escola que é única aqui.”

A escola opera desde 2016 e  foi emitido um alvará provisório, pelo qual foram deixadas recomendações a serem sanadas aquando da vistoria. Explica Elias Sibia, natural da Ponta de Ouro, que já foi pescador, empreendedor e decidiu juntar as suas economias e ajudar a sua comunidade.

“Exigem que sejam pintadas as paredes, padronizar as carteiras, mudar o chão dentro das salas de aula, bem como no pátio, fazer demarcações ali no campo multiuso, apetrechar a biblioteca e o laboratório e tantas outras coisas.”

E, antes do prazo findar, 15 de Fevereiro próximo, os donos da escola foram colhidos de surpresa.

“Da maneira como fui tratado, é como se as minhas pernas e os meus braços estivessem a ser amputados. Já não tenho vontade de continuar ou dar exemplo a qualquer um que venha querer investir neste ponto de Matutuine. Eu vou dizer: o Governo não foi justo comigo, não é justiça isto para mim”.

Injustiçado, é assim como se sente Elias Sibia, patrono da escola, neste processo que culminou com o encerramento, mas a sua esposa, Sandra Maria, diz ter fé e esperança.

“Eu tenho fé que, no meio desses obstáculos, Deus vai abrir grandes portas para nós; para mim, não é um projecto perdido, as coisas não terminam aqui, enquanto tiver vida, a gente tem de ter fé e esperança e eu estou nesta fé.”

Mas, enquanto as coisas não se resolvem, mesmo havendo essa fé, a indignação toma conta dos pais e encarregados de educação que dizem estar disponíveis para contribuir para resolver as irregularidades detectadas.

Berta Chamusse diz que, se as autoridades da educação quisessem solução, deviam reunir-se com a comunidade e esta estaria disponível a cooperar.

“Tem de haver apoio e nós temos essa capacidade para ajudar e não é o que estão a fazer, usar as crianças para isto, tentar tapar o sol com a peneira, não é isso.”

Quem também corabora com a ideia é Felisberto Munguambe, representante do Conselho de Escola, que assegura que, depois da ordem da ministra, há todo um esforço para resolver o problema, uma vez que a comunidade local vai mobilizar-se para ajudar. A escola tem cinco salas de aula e há outras sete ainda em construção e, nela, estavam matriculados cerca de 800 alunos do primeiro e segundo ciclos do ensino secundário geral. Para já, os alunos serão distribuídos pelas escolas existentes no distrito. Uma delas está mesmo na localidade turística da Ponta de Ouro; é uma escola primária completa, que, segundo os moradores, não têm capacidade para acolher mais alunos por já estar superlotada.

A Escola Secundária de Zitundo, outra alternativa, está a 24km da localidade e, sem transporte regular, prevê-se o sofrimento dos alunos.

Os pais e encarregados de educação questionam a decisão do Ministério da Educação, por entenderem que a Escola Comunitária Graça Machel está em melhores condições que muitas outras, que até leccionam debaixo de árvores.

“Essa escola primária não tem as condições que a Escola Comunitária Graça Machel tem: não tem casas de banho para todos e as salas são poucas. Como vão caber 800 alunos?”.

Dizem ainda os encarregados de educação que a escola tem um laboratório  por apetrechar, biblioteca que precisa de livros, um campo multiúso que precisa de ser delimitado, um posto médico e funcionava com 18 professores alocados pelo sector da educação e trabalhadores que já começam a ser despedidos.

Quando a equipa de reportagem do jornal “O País” chegou à Escola Comunitária Graça Machel, estava lá uma equipa do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, liderada pelo Secretário Permanente, mas não quis prestar declarações, alegando que ia conversar com os proprietários e disse que, nas próximas ocasiões, poderá pronunciar-se.

Fonte: O País

Autor
Web Developer

tempo

Nulla sagittis rhoncus nisi, vel gravida ante. Nunc lobortis condimentum elit, quis porta ipsum rhoncus vitae. Curabitur magna leo, porta vel fringilla gravida, consectetur in libero. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum.

Você pode gostar

0 Comentário(s) Comentar

Deixe seu comentário