“O menino serpente”, de Rafo Diaz*

Por: Grácio Antonio Mucuecuessa

Caros convidados, aqui presentes, minhas senhoras, meus senhores.

E com grande honra e jubilo que presencio esta cerimónia de lançamento do livro baseado na história real, por tanto minha história.

O menino serpente é uma história de ficção inspirado da vida do senhor Grácio António Mucuecuessa. Uma história de vida que não cabe somente numa página. Poderíamos ficar um dia inteiro a contar a história emocionante nas minhas diversas etapas de vida desde nascimento, primeira infância, idade escolar, fase de adolescência, fase académica, fase profissional até os dias de hoje nos momentos altos e baixos ou sucessos e fracasso. Hoje vamos nos concentrar somente numa parte da vida do Menino Serpente.

Falar do menino serpente, é falar de uma criança de campo ou da cidade que tem dificuldades de locomoção e rasteja pela barriga ou pelos joelhos com as mãos no chão sem condições para adquisição de uma cadeira de roda que lhe facilite a locomoção de um lugar para outro. Bento é somente uma amostra da criança com deficiência, pois como ele, existem muitos outros meninos serpentes. Até posso me riscar a dizer que o menino serpente, pode ser privilegiado pois pelo menos rasteja, fala, ouve e pode assegurar algum objeto e pode fazer as suas necessidades básicas sem precisar de tanta dependência. Imagine o menino prisioneiro, imagine o menino cágado virado para cima, imagine o menino monstro.

O menino serpente com a sua história de superação decidiu criar uma organização denominada FACD Fundação para apoio de crianças com deficiência por forma unir as sinergias junto de pessoas de boa vontade e instituições para encontrar mecanismo de aliviar o sofrimento desta camada social que muitas vezes são também órfãos de pais e mães ou foram abandonados pelos seus progenitores em razão da sua deficiência ou estado físico.

O menino prisioneiro, menino cagado virado e o menino monstro, são personagens mais excluídos e ignorados pela família e a sociedade no geral pois para eles, olha-se como se de um fardo se tratasse.

São isolados dentro das casas, são até enforcados com almofadas pelos próprios pais, morrem de sede e fome dentro das suas casas, não tem direito de passeio, nem brincadeiras com amigos, muito menos com as famílias, não tem direito a escola e até o direito a vida é negado. São muitos dentro das nossas cidades, bairros, vilas, zonas, distrito, províncias deste belo pais, e dia apos dia, tem vindo a nascer devido a vários fatores que merecem um estudo aprofundado. Neste momento o FACD, mapeio, identificou e está a dar seguimento a pelo menos 500 crianças dentro da cidade e distrito de Quelimane e Nicoadala.

Somos todos chamados a dar uma atenção especial a esta camada social. A FACD assume o papel de embaixador destes meninos que não podem por si, soltar a sua voz ou ser ouvidos.

Queremos aqui aproveitar esta oportunidade para convidar a toda sociedade moçambicana, instituições do governo, Sociedade civil, nacional e internacional a se juntar a esta causa, cuja sede localiza-se na província da Zambézia, cidade de Quelimane. Contamos com dois centros de reabilitação física, nutricional, psiquiátrica e ensino especial na cidade de Quelimane nos bairros de Sangariveira e Manhaua para crianças com deficiência.

O nosso sonho é de alargar as atividades um pouco por todo o país, ate pelo mundo fora, onde reside situações similares por forma de dar apoio psicossocial, moral e material se possível.

Vamos todos realizar o sonho dos meninos: serpente, prisioneiro, menino cagado virado e o menino monstro que é de ter um futuro promissor através de ações concretas que tragam qualidade de vida desta camada social.

Por último quero agradecer ao escritor Rafo Diaz, Dra Madalena, Dr. Teodato e todos que de forma direta ou indireta, tudo fizeram com que este evento tivesse lugar hoje e convidar a todos presentes a ser parte da família FACD.

Comprar o livro, é também forma de apoiar a causa.

Juntos somos mais fortes.

Quelimane, 21 de novembro de 2023.

*Discurso pela ocasião da apresentação do livro “O menino serpente”, de Rafo Diaz.

Fonte: O País

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