Silêncio “estranho” de Ossufo Momade prejudica a oposição

A ausência do cenário politico nacional e o silêncio “sepulcral” do líder da Renamo, Ossufo Momade, face às crises de gestão eleitoral e a suspensão e prisão domiciliar de dois líderes municípais, podem fragilizar o maior partido da oposição moçambicana, alertam analistas.

O líder da Renamo, Ossufo Momade, tem sido alvo de várias críticas internas, incluindo do autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, face ao seu silêncio sobre a prisão domiciliar do edil de Nacala-porto, Raul Novinte, e a suspensão recente de Paulo Vahanle, de Nampula.

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Mas José Manteigas, porta-voz da Renamo, diz à VOA não haver um clima tenso no partido, e que o líder da Renamo, Ossufo Momade, vai se pronunciar na sexta, 22, sobre o atual cenário politico nacional, mas também sobre a suspensão do edil de Nampula e a prisão do autarca de Nacala-porto pela Renamo.

“Estávamos a acompanhar a evolução da situação”, diz José Manteigas em declarações por telefone.

Luxo da cidade

Analistas moçambicanos dizem que Ossufo Momade não conseguiu passar a sua robustez militar para a politica, tendo sido “corrompido com vida com a vida de luxo na cidade”, considerando-o, por isso, não ser um líder da oposição ideal para o atual contexto politico.

Sansão Nhancale, analista e docente universitário, lembra que Momade alcançou a liderança do partido num contexto de grandes suspeitas sobre a sua capacidade de gestão de processos políticos complexos e o seu silêncio sobre vários dossiers políticos internos e externos relevantes, cimenta a ideia de uma liderança “fraca e moribunda”.

“O silêncio do líder da Renamo, Ossufo Momade, no atual contexto politico nacional é preocupante,” na medida em que as ultimas eleições autárquicas foram “o maior teste politico que a Renamo teve”, desde o multipartidarismo em Moçambique, afirma Nhancale.

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“O líder da Renamo deve compreender que não é chefe de Estado, e não sendo não tem muito espaço de manobra de aparição pública com grande impacto se não for nos processos eleitorais e outros assuntos politizáveis”, observa.

Nhancale arguimenta que é “dentro dos processos eleitorais onde deve vingar a sua capacidade de liderança, deve vender os seus programas a sociedade e não o fazendo, o líder da Renamo, coloca-se numa situação extremamente complicada e a cometer o próprio suicídio (político)”.

Dhlakama

Por sua vez, o analista político Ricardo Rabocco afirma que o Momade convive com o dilema de não ter a capacidade de continuar o legado de Afonso Dhlakama, que lidava de forma assertiva com o governo, ao obrigar a negociar e a ceder.

O também docente universitário, que segue a Renamo, diz que o partido, que na década 1990 foi um dos maiores da Africa Austral, tem um líder que não conseguir trazer debates sobre temas como a descentralização, dívidas ocultas, eleições distritais, eleições autárquicas turbulentas, ou reintegração de militares.

“Apesar de Ossufo Momade ser militar, no contexto do DDR ao longo do tempo foi corrompido pelos hábitos e bons costumes da cidade, e por via disso já não seria capaz de lutar para que as promessas da guerra, mormente a pensão e a reinserção social condigna pudesse ser materializada com sucesso para com seus pares”, diz.

“Este silêncio quase que sepulcral da liderança do topo da Renamo abre espaço para que comece a aparecer de forma difusa pequenas lideranças jovens que vão dar uma nova vitalidade dentro da Renamo e vai entrar em conflito com uma Renamo antiga”, alerta Rabocco, para quem o partido “precisa de se reinventar e injetar sangue novo na liderança.

O líder da Renamo está “numa espécie de captura e desespero por conta das tensões ocultas dentro da Renamo. Depois destas eleições, pode estar ofuscado por figuras como Venâncio Mondlane, Manuel de Araújo, Raul Novinte, Ivone Soares e próprio Elias Dhlakama, que foi seu principal adversário no ultimo congresso”, destaca Rabocco.

Fonte:  Voa Português

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